6% da população paulista não tem acesso a coleta de esgoto; situação favorece o surgimento do Aedes aegypti e outras doenças
ão Paulo investiu mais de R$1,6 bilhão nos serviços de água e esgotamento sanitário em 2020, porém dengue continua sendo um problema
SÃO PAULO — De acordo com o Painel Saneamento Brasil, com base nos dados de 2021, 1.320.588 da população existente na região metropolitana de São Paulo não possui coleta de esgoto, além disso a cidade possui 541.656,44 esgotos não tratados (mil m³).
Para reverter esse problema, o poder público de São Paulo investiu mais de R$1,6 bilhão nos serviços de água e esgotamento sanitário nos últimos anos, como apontam informações presentes no Painel Saneamento Brasil.
Qual a situação atual do saneamento básico em SP?
Uma amostra do SNIS em 2020, mostra que cerca de 175,5 milhões de pessoas no Brasil são atendidas por um sistema de abastecimento de água completo ou simplificado, o que corresponde ao índice de atendimento de 84,2% da população total residente em SP.
Só no estado de São Paulo, em 2020, a população com acesso à água potável era de 96,6% e o atendimento de coleta de esgoto chegou a 100% dos habitantes, porém, apenas 71,35% do esgoto gerado foi tratado corretamente.
No Ranking do Saneamento 2022, relatório divulgado pelo Instituto Trata Brasil que analisou os índices de saneamento dos 100 maiores municípios do país, a cidade paulista foi a capital brasileira com melhor desempenho, ficando na 4ª posição geral.
Mesmo assim, São Paulo ainda enfrenta dificuldades para que sua população tenha acesso à rede de água e esgoto devidas. Problema que afeta, negativamente, cerca de 6% dos moradores.
Como isso tem afetado a saúde da população?
Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos de dengue nas duas primeiras semanas de 2024 foi mais do que o dobro do registrado no mesmo período no ano de 2023. Mas o que isso tem relação com o tratamento do esgoto?
A falta de saneamento básico facilita a reprodução do Aedes aegypti, aumentando o risco de epidemias de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya, já que o mosquito se reproduz em águas paradas.
De acordo com Almir Camargo, CEO da Desentupidora Hidro Prime: “No início do ano temos um considerável aumento de chuvas nas cidades de São Paulo e devido à falta de limpeza nos bueiros, acontece um enorme número de alagamentos, que acaba acarretando para o aumento de dengue na região”.
A falta de medidas eficazes para aprimorar as condições do saneamento básico intensifica a batalha contra essas enfermidades. Embora a infestação seja generalizada e aconteça em todos os lugares, a incidência de doenças é maior entre a população com cobertura limitada de saneamento básico, devido à ausência de coleta, manejo adequado de resíduos e aumento no número de alagamentos.
Documentos governamentais, como o Programa Nacional de Controle da Dengue, propõem aprimoramentos nas instalações sanitárias residenciais para selar reservatórios de água, negligenciando a implementação efetiva da expansão do fornecimento regular.
No Plano de Contingência para resposta às emergências em saúde pública por Dengue, Chikungunya e Zika do Ministério da Saúde, há alusões genéricas à necessidade de aprimorar o saneamento nos municípios, com foco em aspectos ligados à comunicação e à mobilização social.
Como manter sua casa segura da Dengue, Chikungunya e Zika?
Para manter a casa segura e afastada da Dengue, Chikungunya e Zika, a população deve começar adotando medidas preventivas simples, como eliminar recipientes que acumulem água parada, como pneus velhos e vasos de plantas sem furos.
Manter caixas d’água vedadas, limpar regularmente calhas e evitar o acúmulo de água em bandejas de ar-condicionado,por exemplo, são outras práticas eficazes para incluir no seu dia a dia.
O desentupimento adequado de ralos e privadas também desempenha um papel crucial na prevenção da dengue, pois ralos entupidos podem acumular água, tornando-se potenciais criadouros para o mosquito Aedes aegypti.
Além disso, garantir que as privadas estejam em bom estado e livre de obstruções, evita possíveis vazamentos que podem criar poças propícias à reprodução do mosquito.
Dessa forma, é preciso estar atento a itens pequenos e que podem passar despercebidos. Segundo dados da Desentupidora Hidro Prime itens como papel higiênico e brinquedos estão entre os que mais entopem os esgotos na capital paulista.
Apesar de não resolver completamente o problema, combinar a limpeza de ralos e privadas com outras práticas preventivas é uma forma da população contribuir efetivamente para um ambiente mais seguro e distante da propagação da dengue.