São Bernardo registra maior número de acidentes de trânsito da região

Somente no ano passado, 227 pessoas perderam a vida no trânsito da região

SÃO BERNARDO – A cidade com a maior índice de mortalidade em acidentes de trânsito do Grande ABC nos últimos oito anos é São Bernardo. Até 2022, o município contabilizou 643 vítimas fatais, 36,5% dos 1.767 óbitos registrados em toda a região no período. Os dados são do InfoSiga, sistema gerido pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP ) que disponibiliza informações a partir de 2015.

O índice elevado de mortes em São Bernardo foi puxado por ocorrências em rodovias, com 57,2%, ou 287 registros, dos 502 óbitos ocorridos em estradas estaduais da região. “O município é cortado pela Via Anchieta, Imigrantes, trecho do Rodoanel e da Rodovia Índio Tibiriçá. As rodovias, em geral, têm velocidade maior. Os sinistros (acidentes) acontecem todos os dias, e as mortes também”, destacou o consultor em segurança no trânsito e engenheiro civil, Horácio Augusto Figueira.

No dia 1º de dezembro do ano passado, por exemplo, uma pessoa morreu em um acidente entre um carro e um caminhão na rodovia Caminho do Mar, em São Bernardo. O motorista do veículo, um Fiat Uno, tentou realizar uma manobra de ultrapassagem e acabou colidindo de frente com o caminhão, que vinha no sentido contrário da pista. Após a batida, o condutor não conseguiu sair do veículo, e morreu carbonizado após explosão.

Somente no ano passado, 227 pessoas perderam a vida no trânsito da região. Foram 93 mortes em São Bernardo (41%), 51 em Santo André (22,5%), 33 em Mauá (14,5%), 32 em Diadema (14,1%), 13 em Ribeirão Pires (5,7%), quatro em São Caetano (1,8%) e uma em Rio Grande da Serra (0,5%).

A maior parte das fatalidades envolveu motocicletas, 36,5% dos casos no ano passado (83 mortes) e 36,7% na série histórica (649 mortes). Na sequência, acidentes fatais envolvendo pedestres se mantêm em patamar elevado, como a segunda maior causa de óbitos no trânsito. Foram 80 registros no último ano (35,2%) e 619 entre 2015 e 2022. “Precisamos encarar a questão da insegurança no trânsito como algo constante, de todo o momento. A cada instante, alguém está fazendo algo errado, seja uma ultrapassagem proibida, dirigindo acima dos limites de velocidade ou depois de ingerir bebida alcoólica”, observou o especialista.

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Das 1.767 pessoas que perderam a vida em acidentes de trânsito na região nos últimos oito anos, 18,5%, ou 328 vítimas, tinham entre 18 e 24 anos. Esta é a faixa etária com maior incidência de mortes no período. “As pessoas recebem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) achando que este é um passaporte para o paraíso. As pessoas pensam que por serem habilitadas, ninguém mais vai ‘encher o saco’. E esquecem o que aprenderam sobre o trânsito, se é que fizeram a formação”, avaliou Figueira.

Entre as medidas que devem ser adotadas para reduzir os indicadores de mortes, estão campanhas de conscientização e monitoramento permanente do sistema viário, com ações aleatórias, inclusive, aos sábados, domingos e feriados. “Educação, sempre. Mas sem a fiscalização vamos morrer na praia”, concluiu.

Sobre os índices de acidentes em rodovias, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) informou que realiza “serviços de conservação de rotina nas rodovias de sua responsabilidade, e as mesmas se encontram devidamente sinalizadas”, além de monitorar as vias de toda a região 24 horas por dia. “Ressaltou ainda que o respeito às leis em vigor, como dirigir dentro da velocidade determinada na via, é vital para um trânsito mais seguro para todos”.

A Prefeitura de São Bernardo esclareceu ao site DGabc, que investe em projetos de engenharia de tráfego, manutenção de sinalização, redutores de velocidade, fiscalização, inclusive com vídeomonitoramento, e ações educativas. As demais prefeituras promovem programas de educação e também investem em melhorias no viário.

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