Polícia encontra três crianças amarradas nuas em adega no centro de São Paulo
SÃO PAULO – O dono de uma adega, dois funcionários e um adolescente foram detidos em flagrante pela Polícia Civil suspeitos de torturarem três crianças, na noite desta segunda-feira (13), no Centro de São Paulo.
As vítimas são meninos de 8, 9 e 11 anos de idade. Os policiais patrulhavam a região e os encontraram nus e com as mãos amarradas dentro do estabelecimento, que fica na Rua Timbiras. A polícia vai analisar as câmeras de segurança do local.
Segundo os agentes, os garotos gritavam “socorro” dentro da Adega Timbiras. Quando entraram, viram que as crianças estavam presas por fitas de nylon, unidas entre si e sem roupas.
Ao serem ouvidas pela investigação, as vítimas contaram que os dois funcionários, de 22 e 24 anos, e o adolescente, de 16, as levaram para os fundos do estabelecimento.
Os garotos teriam feito uma brincadeira com o proprietário do comércio, de 20 anos, que não gostou. Por vingança, os funcionários e o adolescente, que seria parente do dono, decidiram punir os três meninos.
No fundo da adega, segundo as crianças disseram à polícia, elas foram obrigadas a ficar peladas, urinarem juntas e passarem o órgão genital uma na outra. Disseram ainda que foram agredidas. “Ele [um dos investigados] falou ‘tira a roupa agora’. Aí eu não queria, mas eu tinha que tirar. Me bateram. Ele amarrou a gente numa fita. Aí a gente ficou nós dois grudados”, falou um dos meninos torturados.
O caso foi registrado como tortura e ato infracional no 2º Distrito Policial (DP), Bom Retiro. Todos os envolvidos foram levados para a delegacia. A investigação será feita pelo 3º DP, Campos Elíseos.
Segundo o boletim de ocorrência do caso, os dois funcionários foram presos e indiciados por tortura por participarem diretamente da ação contra os meninos.
O adolescente que também os torturou foi apreendido para cumprir medidas socioeducativas na Fundação Casa.
O dono da adega pagou a fiança de R$ 1,5 mil e vai responder solto pelo crime de omissão diante da tortura. Segundo a investigação, ele não participou diretamente das agressões às crianças, mas foi conivente por não tê-las impedido.
O advogado do proprietário alegou à reportagem do G1 que as crianças foram despidas e amarradas porque tudo “não passava de uma brincadeira”.