Teatro Conchita de Moraes é reaberto ao público em Santo André
A reforma, realizada pela Prefeitura, recebeu investimento total de R$ 4 milhões. Uma das questões resolvidas é a acessibilidade.
SANTO ANDRÉ – Fechado há nove anos para o público, o Teatro Conchita de Moraes, em Santo André, foi reaberto neste sábado (8), dia em que a cidade comemora 470 anos. O evento foi marcado pela grande concentração de moradores e artistas local
Ao lado da deputada estadual e primeira-dama Ana Carolina Serra (Cidadania), e da secretária de Cultura da cidade Simone Zárate, o prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), ressaltou a importância do local para preservar a memória de pertencimento dos moradores do segundo sub-distrito. “Há mais de nove anos este espaço não recebia público. A entrega do Conchita, sem dúvida nenhuma, tem um simbolismo muito forte, porque retomamos novas histórias”, afirmou o chefe do Executivo. A programação cultural teve início com um cortejo do Núcleo de Tambores da ELT (Escola Livre de Teatro).
Emocionada, a secretária de Cultura agradeceu o apoio recebido pela equipe da pasta no projeto, além de exaltar os professores das Escolas Livres e a classe artística do município. “É um momento muito importante, porque eu lembro do Conchita de Moraes quando criança, quando vinha assistir o teatro estudantil, em 1979 eu subi no palco pela primeira vez, depois trouxe minha filha para vários espetáculos aqui, e por fim, como funcionária da Prefeitura acompanhei toda a trajetória do Conchita desde 1991”, relembrou Simone Zárate.
A reforma, realizada pela Prefeitura, recebeu investimento total de R$ 4 milhões. Uma das questões resolvidas é a acessibilidade, agora há rampas espalhadas por toda a área, incluindo o caminho da recepção até os assentos, permitindo o deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida. Além disso, o espaço conta com dois elevadores que levam ao pavimento superior.
Pisos internos e externos ganharam cara nova, assim como os revestimentos relacionados à acústica em paredes e tetos. Instalações elétricas e hidráulicas, revestimentos de paredes e pisos, pintura, forros, caixilhos e portas também passaram por modernização. Houve troca completa da cobertura e um graffiti foi desenhado em um painel de 55 metros quadrados, mudando à fachada do equipamento cultural.
A pasta de Cultura abrirá reuniões com os produtores culturais para uso do espaço, além disso, o Conchita será ocupado em programações da Secretaria, como aulas da própria ELT.
Uma homenagem em especial quebrou o tradicional protocolo de inaugurações. Na reabertura do Conchita de Moraes, uma funcionária da Secretária de Cultura foi homenageada pela Prefeitura de Santo André. A ‘Dona Bete’, como é popularmente conhecida, recebeu uma placa agradecendo os serviços prestados ao local. Elizabete Barbosa Lucas tem 70 anos, sendo quase metade, 33, dedicados ao equipamento cultural.
“Quando entrei havia prestado concurso (em 1990) para ajudante, mas depois foi avançando e virei encarregada do teatro, há dez anos. Tive de sair em fevereiro, pois aposentei. Me senti muito feliz com a homenagem”, afirma a Dona Bete, que não sabia que receberia o reconhecimento na volta ao equipamento cultural. Ao ser perguntada sobre o que o local significa em sua vida, ela afirma: “O Conchita é vida. Criei toda a minha família trabalhando aqui”.
A reabertura do Conchita de Moraes ainda proporcionou outro reencontro, este de mais de 50 anos. Pascoal da Conceição, o Dr. Abobrinha da telessérie Castelo Rá-Tim-Bum, esteve no evento e relembrou os tempos em que estudava teatro em Santo André, quando via nomes como Paulo Autran e Grande Otelo em peças no Teatro Municipal, e decorava textos em frente ao equipamento reinaugurado neste sábado.
“Comecei a fazer teatro aqui (no Conchita), em uma peça de nome A estranha história do palhaço Janjão, com direção de Caetano Martins e autoria de Fernando Limoeiro, em 1972. Eu morava na Vila Prudente, descia na Utinga, naquela época em fase de início de carreira’, afirma Pascoal da Conceição, ressaltando também a importância da ELT para a manutenção do espaço durante as décadas.
HISTÓRIA
Criado pelo Governo do Estado de São Paulo em 1959, o Teatro Conchita de Moraes foi inicialmente erguido para ser o auditório da escola estadual existente no mesmo quarteirão. Em 1963, em convênio com a Prefeitura, o teatro acolhe o Festival de Teatro Amador de Santo André. Em 1970 começa a ser administrado pelo município, que passa a utilizá-lo como um dos espaços teatrais da cidade.
O equipamento cultural homenageia em seu nome María de la Concepción Álvarez Bernard (1885-1962), conhecida como Conchita de Moraes, atriz cubana radicada no Brasil, que era mãe da também atriz Dulcina de Moraes. Participou de alguns filmes, como 24 Horas de Sonho, Pureza, O Bobo do Rei, O Grito da Mocidade, Bombonzinho, Bonequinha de Seda e Amor Perdição.