Mauá aumenta casos de vandalismo em monumentos e equipamentos públicos

A Prefeitura de Mauá diz que não foi informada do caso de vandalismo, mas admite que esse tipo de situação tem aumentado na cidade.

“Esse vandalismo foi uma falta de educação da garotada”, afirma presidente da Aciam.

MAUÁ – Os casos de vandalismo em equipamentos e prédios públicos aumentaram do ano passado para cá em Mauá, enquanto nas demais cidades da região não houve alta no tipo de delito. O caso mais recente aconteceu nos dias 12 e 13 de maio com o monumento maçônico, que fica em praça da avenida Capitão João, no bairro Matriz. O equipamento, em forma piramidal, teve os vidros arrancados.

O empresário e presidente da Associação Comercial e Industrial de Mauá (Aciam), José Eduardo Zago, conta que o monumento foi arrumado praticamente no mesmo dia pelo comunidade maçônica. É um monumento para exaltar a liberdade, igualdade e fraternidade. “Esse vandalismo foi uma falta de educação da garotada”, avalia.

A Prefeitura de Mauá diz que não foi informada do caso de vandalismo, mas admite que esse tipo de situação tem aumentado na cidade. “Em 2022, a GCM registrou 14 ocorrências de depredação e vandalismo, principalmente furtos de fiação elétrica. Em 2023 já foram registrados 17 casos. Em relação a depredação do monumento em homenagem à maçonaria não houve registro de denúncia nos canais da GCM (153)” , diz nota da administração.

Para Zago, o não registro de ocorrência não significa que a situação não tenha ocorrido e lamentou o posicionamento da Prefeitura. “Se não tem boletim quer dizer que não aconteceu? Acho um absurdo. É um descaso, uma infelicidade essa postura. Se é um monumento da humanidade precisaria fazer um boletim de ocorrência? A minha opinião é que (os vândalos) vão voltar a fazer e fazer pior”, destaca.

Como a sociedade vê a gestão pública

Para o sociólogo e docente dos cursos de graduação e de mestrado em Comunicação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Liraucio Girardi Júnior, as situações com vandalismo são resultado de como a sociedade vê a gestão pública e da falta de sentimento de pertencimento ao lugar. “O vandalismo é resultado de um descolamento das ações das prefeituras para com a comunidade, quando o poder público parece muito distante da comunidade e as coisas parecem que vêm de cima para baixo. Quando não há um sentimento de co-participação pode-se gerar um sentimento estranho de que o espaço público se torna um lugar de abandono e não de convívio e de compartilhamento. Fica uma certa lógica que ele não tem um pertencimento”, explica .

Para Girardi Júnior, a proximidade do poder público com a comunidade ajuda a diminuir os atos de vandalismo. Se tem uma gestão compartilhada, colaborativa e mais próxima da comunidade, dá um sentimento de responsabilidade de fazer parte dessas ações. É preciso entender também o perfil de quem comete esse tipo de ato, qual o vínculo dessas pessoas com a comunidade. Para o sociólogo, implantar o conceito de tolerância zero, tão popularizado nas ações em Nova York no final dos anos 1990, pode passar uma mensagem mais negativa. “O problema de tolerância zero é que mira determinadas pessoas e não outras. Quanto jovens de determinada classe social quando se dispõem a produzir vandalismo não são tratados do mesmo jeito que outros. Tolerância zero é um conceito muito vago que parece focar simplesmente na questão da repressão e acho que não é esse caminho. A sociedade tem que se sentir próxima da gestão. Será que são só os moradores ou a gestão também precisa repensar a gestão?”, questiona o professor da USCS.

Região

Nas demais cidades da região, o número de casos de vandalismo notificados às prefeituras não aumentou na mesma proporção que em Mauá. Apenas Rio Grande da Serra, São Caetano e Diadema responderam relatando casos, mas não a alta de ocorrências.

Rio Grande informou que teve duas ocorrências no ano passado e neste ano ainda não teve registro de casos de vandalismo. As situações mais comuns são ataques a fachadas de prédios públicos. “É mantido patrulhamento preventivo nos próprios municipais, além de vigilantes que atuam também na prevenção e fiscalização destes espaços”, diz o Paço.

Em São Bernardo a GCM atendeu ano passado, 37 ocorrências de vandalismo em prédios públicos, lixeiras, pontos de ônibus, postes e caixas de controle de semáforo, além de 30 casos de pichações. Os bairros de maior incidência são Montanhão, Centro, Nova Petrópolis e Santa Terezinha. De janeiro a abril deste ano, foram atendidas três ocorrências de vandalismo e sete de pichações.

Em Diadema, a maior incidência de vandalismo e depredação do patrimônio público está relacionada a furto de fiação e tampas de ferro. Também foi registrado furto de grelhas da boca-de-leão e de tampas de poço de visita. Segundo a Secretaria de Obras, é feita a reposição de 30 desses itens ao mês, em média. Em 2022, foram 30 casos de furtos e vandalismo, a maioria em escolas e unidades de saúde. Os números de 2023 não foram informados, nem o custo que essas situações geram aos cofres municipais. Além da GCM há são 123 profissionais da Guarda Civil Patrimonial, que se revezam para cuidar do patrimônio público. A cidade aposta na CIM (Central Integrada de Monitoramento), que reúne imagens de aproximadamente 300 câmeras espalhadas em pontos estratégicos, inclusive em frente às escolas e unidades de saúde. A CIM já flagrou tentativas de furtos e vandalismo a equipamentos públicos.

Em São Caetano, foram registrados dois casos de vandalismo em 2022 e um este ano. Os três casos aconteceram em unidades básicas de saúde. “Não existe nenhum local crítico na cidade, tendo em vista que os resultados dos índices criminais comprovam a efetividade do patrulhamento em todos os próprios e vias públicas da cidade. Vale ressaltar, que São Caetano diminuiu os índices de criminalidade”, diz a nota da Prefeitura.

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