Empresa contratada por consultoria em transportes e vias públicas de São Bernardo tem sócio acusado de pagar propina
Orlando La Bella foi acusado de lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em documentos públicos.
SÃO BERNARDO – A Prefeitura de São Bernardo, comandada por Orlando Morando (PSDB), contratou, em março, consórcio formado por três empresas para a realização de serviços de consultoria à Secretaria de Transportes e Vias Públicas, chefiada por Delson José Amador, sob o valor de R$ 29.230.833,96. Uma delas, a LBR Engenharia e Consultoria Ltda, tem como sócio o empresário Orlando La Bella Filho, que já foi investigado pelo Ministério Público em casos de pagamento de propina e lavagem de dinheiro.
O primeiro deles envolve o ex-secretário de Logística de Transportes do governo de São Paulo Moacir Rossetti, que ocupou o cargo entre 2011 e 2014, durante o terceiro mandato de Geraldo Alckmin (à época no PSDB e hoje no PSB) no Estado. Na ocasião, Orlando La Bella Filho fez uma delação premiada junto ao Ministério Público de São Paulo, na qual afirmou ter viabilizado à Secretaria de Logística e Transportes um repasse de R$ 289.523,26, feito pela empresa Camargo Correa à LBR Engenharia e Consultoria Ltda.
Segundo o site DGABC, a empresa de Orlando firmou contrato falso com a Pasta em 16 de abril de 2012, cujo objeto seria “prestação de serviços de consultoria na área de engenharia para a contratante no âmbito dos projetos ETE Barueri, em prospecção pela contratante no Estado de São Paulo”. A LBR foi envolvida no esquema porque a Camargo Corrêa tinha dificuldade em viabilizar pagamentos de propina em dinheiro vivo em razão dos controles internos de compliance, segundo delação de um dos executivos da empresa, Emilio Eugenio Auler Neto.
Orlando La Bella foi acusado de lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em documentos públicos. A ação, no entanto, foi travada em agosto de 2022, quando o STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou o acordo feito pela Camargo Corrêa com o Ministério Público. A decisão beneficiou Orlando La Bella, que acabou não sendo condenado. Não houve atualizações no processo desde então.
NA ‘LAVA JATO’
O outro caso envolve o ex-gerente de suporte técnico da Transpetro, José Antônio de Jesus, denunciado pela força-tarefa da Lava Jato em 2020. Assim como no primeiro caso, Orlando La Bella celebrou delação premiada com o Ministério Público Federal e declarou ter efetuado pagamento a José Antônio, por meio do contrato entre a Transpetro e a LBR, de seis parcelas de R$ 58 mil. Os pagamentos foram feitos em espécie e ocorreram entre 2011 e 2013. O caso ainda está sob investigação do MPF.
A LBR Engenharia e Consultoria firmou contrato com a Prefeitura de São Bernardo junto de outras duas empresas — Modera Engenharia Ltda e C3 Planejamento, Consultoria e Projeto Ltda —, que formam o Consórcio Gestor LMC. O contrato tem duração de 36 meses.
Até o momento a prefeitura não se pronunciou sobre o caso.