Alckmin: a mosca da sopa de mortadela do bom ladrão
Quem definiu o Homem como animal político foi Aristóteles e olhando a cena política atual no Brasil acho que só faltam as asas.
A circunstância faz o homem ou o homem faz a circunstância?
Há muitos anos eu ganhei um livro intitulado Otimismo em Gotas. Era feito de frases incentivadoras e tinha pensamentos de filósofos como Platão, Sócrates, Voltaire, Sartre e tantos outros.
Lembro-me de uma frase que dizia: “A mosca é um animal político. Voa do monturo para a sala e vice-versa.” Quem definiu o Homem como animal político foi Aristóteles e olhando a cena política atual no Brasil acho que só faltam as asas porque do monturo para sala, e vice-versa, é notório que nossos representantes são capazes de voar.
Não há dúvida de que o interesse pessoal sempre vai sobrepor o interesse da coletividade. O político não pensa na sociedade, ele pensa primeiro na eleição, nos votos necessários para coloca-lo na “cadeira”, seja ela qual for. No meu entendimento, temos um sistema eleitoral ultrapassado.
O tal quociente eleitoral tira do jogo candidatos com votação extraordinária para colocar outros de votação medíocre como Jean Willys que teve 20 mil votos e foi eleito deputado federal graças a votação de Chico Alencar. O suplente de senador não recebe um voto sequer. São indicados pelo candidato e não escolhidos pelo povo.
O sistema tem muitos males, mas acho que o maior chama-se partido político. Em torno deles apinham-se pessoas interessadas no corporativismo, no fundo partidário, no fundo eleitoral e são pessoas que não enxergam roubos dos pares. O conselho de ética é formado por deputados e senadores sem ética e não sei se há exceções. Eu vejo o movimento de políticos em torno de cargos, de composições e fico pasmo com a cara de pau e com a leniência do povo brasileiro.
Parece que a gente gosta de ser roubado apenas para dizer que fomos roubados. Nesse sentido resolvi fazer um resumo de fatos ocorridos no Brasil com o intuito de demonstrar que não adianta ficar reclamando e continuar votando em bandido.
O senador Fernando Bezerra Coelho entregou o cargo de líder do governo no senado porque recebeu apenas 7 votos para a vaga no TCU. Moro, então no ministério da justiça, foi contra a indicação dele para líder e chegou a lembrar de que FBC tinha processos por corrupção e que não seria bom para o governo começar dessa forma. Voz vencida e FBC ficou foi no cargo até receber os 7 votos para TCU, ou seja, um cara com a ficha suja queria um cargo – vitalício – num órgão responsável pela apuração de desvios de recursos. Nada como botar a galinha para tomar conta do galinheiro.
Mas, acho que a falta de descaramento global vem da possível aliança entre Geraldo Alckmin e Lula. Recentemente, rebatendo Fernando Haddad nas redes sociais o nobre Geraldo Alckmin, conhecido como “Picolé de Chuchu”, declarou o seguinte: “Caro Fernando Haddad, não é o meu partido que é comandado de dentro de um presídio. Nem minha campanha foi lançada na porta de penitenciária….”. Essa frase foi dita em 2018. Se voltarmos a 2006 vamos encontrar outras pérolas de Alckmin contra Lula.
O que foi que mudou? Para Alckmin ser vice-presidente é o maior troco que ele pode dar a João Doria. Ele como vice-presidente sufocaria Doria que ao sair do governo de São Paulo vai perder seu emprego público. Para Lula, contar com o carisma que Alckmin tem em São Paulo seria fundamental para vencer a resistência dos paulistas em relação ao seu nome. As pessoas votariam nele pelo seu vice. É difícil engolir um troço desses.
Não custa lembrar que Lula foi condenado por 13 juízes. Até o STJ apenas reduziu a pena dele para um período semelhante à condenação de Moro e os caras falam da imparcialidade do juiz de primeira instância. Mas, é bom esclarecer que Lula não é INOCENTE como se diz. O processo dele foi para outra vara, apenas para beneficiar com a prescrição por conta da idade. O Brasil não vai sair desse esgoto a céu aberto com este modelo político. Acho que precisamos repensar muita coisa. Experimentar coisas diferentes.
Candidaturas avulsas, por exemplo. Tem muita gente boa que poderia mudar muita coisa, mas que não se sente a vontade quando tem que conviver com ladrões. Enquanto isso o xadrez político vai continuar levando políticos para o xadrez, mas o STF que temos ele sai da cadeia rapidinho.
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POR DANILO BIRNFELT