Escolas de São Caetano vivem surto de casos de meningite viral
De acordo a secretaria, todos os protocolos de saúde e medidas de higiene foram adotados para evitar o contágio nas escolas
SÃO CAETANO – A rede municipal de São Caetano vive surto (aumento repentino e inesperado de casos) de meningite viral. Pelo menos duas escolas confirmaram crianças contaminadas pela doença neste mês, a EMI (Escola Municipal Integrada) Marily Chinaglia Bonaparte e a Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Anacleto Campanella – a instituição enviou um comunicado aos pais sobre o assunto.
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou 14 notificações da infecção no município, entre janeiro e maio, sendo oito em crianças menores de 12 anos. Do total, três casos de meningite viral foram contabilizados em uma única escola – a Pasta não informou o nome da unidade.
Dos tipos de meningite confirmadas estão: 11 para viral, duas para bacteriana e uma não foi identificada.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, o número de crianças infectadas cresceu 40%, quando foram identificadas três ocorrências em 2022.
Maria Iolene Carvalho Saccoccio, 34 anos, reclama de omissão dos casos por parte da Seduc (Secretaria Municipal de Educação). Seu filho, Matteo Saccoccio, de apenas 3 anos, foi a quarta criança contaminada na EMI Marily Chinaglia Bonaparte, localizada no Bairro Santa Maria.
O menino contraiu a meningite viral, que pode ser transmitida de diversas maneiras, dependendo do vírus causador da doença, e a mais comum entre os tipos de meningite, que ainda tem a bacteriana e a fúngica.
“Me ligaram falando que era para buscar meu filho na creche porque ele estava com 38°C de febre e com muita dor de cabeça. Quando cheguei lá uma funcionária informou que outras três crianças já haviam testado positivo para meningite, sendo que os pais não foram informados sobre o surto pela direção da escola”, conta a mãe.
Matteo precisou ficar internado por dez dias, sendo cinco dias na UTI (Unidade de terapia intensiva), porque além das fortes dores de cabeça e inflamação na parte de trás da orelha, a meningite viral não foi identificada no primeiro exame, realizado pela retirada do líquido cerebroespinhal (líquor) da lombar, e meningite bacteriana não foi descartada pelos médicos.
“A própria diretora me ligou perguntando sobre o estado de saúde do Matteo, e ela mesmo confirmou que ele era a quarta criança infectada na EMI. Eles avisaram apenas os pais das salas que tinham menores infectados, e que não era o procedimento avisar todos os responsáveis de outras turmas para não alarmar a situação”, desabafa Maria, que afirma que o comunicado geral sobre o surto da doença foi enviado apenas no dia 19, após a conversa das duas.
A mãe enviou no dia 18 de maio uma reclamação à Ouvidoria Municipal de Saúde sobre a omissão de informações, e no dia 21 de maio realizou uma publicação em um grupo do Facebook. Após a postagem, no dia 23, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu à denúncia para Ouvidoria, onde afirmou que:
“Todos os protocolos de saúde e medidas de higiene foram adotados para evitar o contágio de crianças e dos profissionais da escola”.
“Se a escola tivesse avisado não teria mandado meu filho para ser contaminado. Não é apenas uma gripe, é uma doença que precisa ser diagnosticada e possui acompanhamento médico. Agora ele está bem e de repouso, mas teve muitas dores nesses últimos dias. Não pretendo deixar ele voltar a estudar naquela instituição”, disse Maria, que informou que irá abrir um B.O. (Boletim de Ocorrência) contra a escola por negligência e omissão.
Ana Maria Pereira Silva, 44, é mãe da terceira criança infectada na EMI Marily Chinaglia Bonaparte. A pequena Maitê Roberta Pereira Silva, de 2 anos, ficou internada por quatro dias na segunda semana do mês.
“Sabia que tinha caso de meningite, mas descobri por outra mãe, não pela direção da escola. Essa informação foi bem relevante, porque quando minha filha começou a ter dor de cabeça e vômitos já corri para o hospital. Gostaria que a escola tivesse me passado essa informação”, diz Ana.
Procurada, a Prefeitura de São Caetano não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta edição.
QUESTIONAMENTOS
Após oito denúncias de familiares sobre casos de meningite em escolas, o Coletivo das Mulheres por + Direitos de São Caetano enviou, no dia 22, ofícios questionando a Seduc e a Secretaria Municipal de Saúde sobre a relação das escolas que estão com casos e quantos alunos são entre 0 a 12; quais as medidas a secretaria pretende tomar; se vai terá incentivo para vacina através de campanhas e um protocolo sobre como agir em casos de infecção, entre outras perguntas.
Até o momento, as pastas não responderam os ofícios.