Ex-presidente Bolsonaro é citado mais de 70 vezes em decisão de Moraes que embasou operação contra militares e ex-ministros
Na operação deflagrada na quinta-feira (8), Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela PF e foi proibido de falar com investigados.
BRASÍLIA — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, citou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mais de 70 vezes na decisão que embasou a operação contra militares e ex-ministros.
Eles são suspeitos de participar de uma tentativa de Golpe de Estado que tentava manter Bolsonaro no poder e culminou com a invasão dos Três Poderes em Brasília, em 8 de janeiro.
Na operação Tempus Veritatis, que significa “hora da verdade”, em latim, deflagrada na quinta-feira (8), Bolsonaro teve o passaporte apreendido pela PF e foi proibido de falar com investigados.
As citações a Bolsonaro na decisão incluem trechos de falas do ex-presidente que foram transcritas, por exemplo, da reunião que fez com alta cúpula” do governo com a “finalidade de cobrar dos presentes conduta ativa na promoção da ilegal desinformação e ataques à Justiça Eleitoral”.
O nome de Bolsonaro também é citado na decisão quando é apontado a descoberta de uma minuta golpista que previa a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), conforme o g1.
De acordo com a PF, Bolsonaro recebeu essa minuta e pediu para retirar os nomes de Gilmar e Pacheco e manter o de Alexandre de Moraes.
Resultado
Havia 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva para serem cumpridos na operação Tempus Veritatis (que significa “hora da verdade”, em latim), que foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes. Veja aqui todos os alvos da operação.
O passaporte de Jair Bolsonaro foi apreendido e ele está proibido de falar com os investigados.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi alvo de um mandado de busca, mas acabou preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo. Uma pepita de ouro foi apreendida com ele.
Na sede do PL, foi encontrado na sala de Bolsonaro um documento que defende e anuncia a decretação de um estado de sítio e da garantia da lei e da ordem no país.
O relatório da PF afirma que o grupo agia em seis núcleos para organizar uma tentativa de golpe de Estado. Veja detalhes aqui.
Nomes próximos ao ex-presidente, como Braga Netto e Augusto Heleno, também foram alvos de busca e apreensão.
O ex-assessor especial de Bolsonaro Filipe Martins, que, segundo a PF, foi quem entregou a minuta do golpe a Bolsonaro, e mais dois militares foram presos. Um quarto mandado de prisão foi expedido contra um coronel, mas ele não foi detido porque estava nos Estados Unidos, mas já será trazido ao Brasil. Veja aqui os motivos da Procuradoria Geral da República para pedir as quatro prisões.
A operação mirou ainda o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, com quem já havia sido encontrada uma minuta do golpe, e o ex-assessor de Bolsonaro Tércio Arnaud, apontado como integrante do chamado “gabinete do ódio”. Eles são acusados de integrar um núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral.
O advogado Amauri Feres Saad, que teria prestado assessoria jurídica para a elaboração da minuta, também foi alvo da PF.
Outro alvo foi um padre católico conservador de Osasco (SP) que, segundo a PF, assessorava na elaboração de minutas de decretos golpistas.