Futuro secretário de Educação de São Paulo é responsável por lançar no Paraná programa para entregar escolas públicas para a iniciativa privada
Feder foi responsável por lançar, no Paraná, um programa que prevê entregar a escolas públicas para a iniciativa privada.
SÃO PAULO – O ex- secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, 44 anos, ocupará o cargo de secretário de Educação de São Paulo, a partir de 1º de janeiro de 2023. Feder foi o primeiro nome anunciado pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O futuro secretário de Educação do Estado de São Paulo, assumirá o cargo cercado de desconfiança por parte dos educadores. No comando da pasta no estado do Paraná, Feder foi responsável por lançar, durante sua gestão, um programa que prevê entregar a administração de 27 escolas públicas para a iniciativa privada do setor educacional.
O programa Parceiros da Escola lançado pelo empresário e professor, selecionou colégios com mais baixos resultados no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Conforme uma reportagem do UOL que ouviu professores, especialistas e pessoas da secretaria do Paraná para saber como foi a gestão de Feder e o que esperar do seu comando em São Paulo —o que despertou opiniões conflitantes.
O que é o programa?
A secretaria afirma que o Parceiros da Escola é um projeto-piloto e tem como foco melhorar a aprendizagem dos estudantes. A proposta é entregar à iniciativa privada os processos das áreas administrativa, financeira e estrutural das escolas. Entre as ações, está o fornecimento de merenda, uniforme e limpeza, entre outros. Os requisitos para a empresa ser selecionada são: ter no mínimo 5 mil alunos por ano em suas instituições e comprovar que a média do Enem é acima de 550 pontos.
A capital paulista tem uma estrutura consolidada na educação infantil, a chamada rede conveniada, que são as creches geridas pela iniciativa privada. Relatórios do TCM (Tribunal de Contas dos Municípios)já apontaram que a qualidade das creches conveniadas em São Paulo está abaixo das escolas vinculadas diretamente à rede municipal.
Feder aposta em parcerias com a iniciativa privada para melhorar a educação no Paraná. Até hoje, conseguiu digitalizar as escolas com computadores, kit de robótica e aplicativos. O presidente do sindicato dos professores do Paraná, Walkiria Olegário Mazeto, criticou o modelo de gestão de feder, afirmando que traz para educação um modelo de gestão empresarial, onde um grupo muito pequeno tem a definição do que será implementado, e cabe aos demais cumprir o que foi estabelecido.
Claudia Costin, diretora do Ceipe (Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), disse que os desafios de São Paulo são maiores do que encontrados no Paraná. A visão da especialista não é a mesma de sindicatos da categoria. O edital que prevê passar a gestão de escolas para empresas, por exemplo, é visto como uma terceirização das escolas públicas.
No Paraná, Feder implementou o programa de escolas cívico-militares do próprio estado. A demanda foi atendida para agradar a ala conservadora e bolsonarista, mas é criticada por professores paranaenses. Em São Paulo, a possibilidade de ampliação do modelo preocupa professores.
Por Uol