IBGE coleta dados em aldeias indígenas de São Bernardo pela primeira vez

A coleta foi realizado por um grupo de trabalho especialmente treinado para atuação junto a essa população, em locais isolados da cidade.

SÃO BERNARDO – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletou no início da semana, à operação censitária em terras indígenas. O trabalho foi realizado por um grupo de trabalho especialmente treinado para atuação junto a essa população.

A reportagem do Diário do Grande ABC  acompanhou os profissionais do Censo 2022 até a aldeia Brilho do Sol – Kuaray Rexakã, um dos três agrupamentos. Todos em São Bernardo. Depois de mais de 40 quilômetros de carro saindo da Escola Estadual Santa Dalmolin Demarchi, posto de coleta, até o Curucutu, no Pós-Balsa.

A reportagem andou por trilha estreita, aberta na mata, que dá acesso à segunda maior comunidade indígena do Grande ABC. Sessenta  indígenas vivem em aldeias situadas nos limites da Terra Indígena Guarani Tenondé Porã, de quase 15,969 ha², que abrange, além de São Bernardo, São Paulo e cidades do Litoral, conforme a Prefeitura.

A área é reconhecida pela Funai (Fundação Nacional do Índio), tem por volta de 44,55 km². Além da Brilho do Sol, o Censo  visitou a aldeia Nhamandu Mirim, a menor e mais jovem. Até o fim deste mês, os profissionais farão o recenseamento dos indígenas do agrupamento Guyrapaju.

A  coordenadora de área do IBGE em São Bernardo, Joyane Silva, 28 anos, disse ao jornal que os dados demográficos da população, entre outras informações, serão divulgadas pelo IBGE após a conclusão do Censo.

“Nós temos dois tipos de questionário aplicados. Um para o agrupamento indígena, que abrange questões relacionadas à condição de vida e infraestrutura do local. No segundo, aplicado família por família, investigamos as relações familiares, como se identificam, língua que falam, entre outros aspectos”, explicou a coordenadora de área do IBGE em São Bernardo, disse  Joyane Silva.

 As três aldeias foram incluídas na pesquisa censitária 2022, isso porque a Funai reconheceu a Terra Tenondé Porã apenas em 2016. Antes disso, até o Censo de 2010, os questionários foram aplicados somente com a população indígena em contexto urbano, que vive nas cidades com os não indígenas.

Naquela ano, a região tinha 2.358 indivíduos indígenas nesta condição, a maior parte em São Bernardo (33%, ou 778 pessoas). Em todo o País, eram quase 897 mil indígenas, 517.383 vivendo em aldeias, ou seja, 57,6% do total.

Saúde

Entre os serviços públicos ofertados aos moradores das aldeias, que ficam em áreas afastadas, de difícil acesso, a Prefeitura de São Bernardo informou que dispõe de grupo intersetorial, inclusive com a participação da Funai (Fundação Nacional do Índio), para tratar das questões indígenas. “Em junho deste ano, foi promulgado decreto que implantou a Atenção aos Povos Indígenas da Cidade no Pós-Balsa, com polo avançado da Secretaria de Assistência Social. As comunidades também são atendidas pelo serviço de saúde municipal”.

Educação

Em nota, a pasta da Educação afirmou que em São Bernardo duas escolas indígenas são mantidas, na Brilho do Sol e na aldeia Guyrapaju. Os estudantes da terceira aldeia, Nhamandu Mirim, “são atendidos nas escolas acima”. De acordo com o Estado, a Educação avalia a demanda escolar junto à comunidade local e “adota providências necessárias para eventuais aberturas de novas turmas de maneira adequada ao calendário letivo”, disse.

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