Lula se desculpa por fala preconceituosa sobre transtornos mentais
Lula disse que pessoas com transtornos mentais têm "problema de desequilíbrio de parafuso" e as relacionou a casos de violência.
PORTUGAL – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou no sábado (22), em suas redes sociais, um pedido de desculpas por uma fala que foi apontada como preconceituosa.
Na última terça-feira (18), Lula afirmou durante reunião com ministros que pessoas com transtornos mentais têm “problema de desequilíbrio de parafuso” e as relacionou a casos de violência.
O apresentador Marcos Mion usou seu perfil no Instagram para se posicionar a respeito de uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os deficientes intelectuais. “Temos de nos policiar, de aprender, de nos adequar. Isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no passado”, disse Mion.
Em Portugal, Lula publicou que gostaria de pedir desculpas sobre uma fala que fez na semana passada, durante reunião sobre violência nas escolas. Ele disse que ouviu muitas pessoas nos últimos dias e não tinha vergonha de assumir, por isso, segue aprendendo e buscando evoluir.
“É por isso que quero me retratar com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira por minha fala”, disse.
O presidente disse na postagem que não deve se relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental, afirmando que não irá mais reproduzir esse estereótipo tanto ele quanto o governo,
“Estamos abertos ao diálogo. Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade”, encerrou.
O presidente se referia ao ataque que aconteceu em Blumenau (SC) no início do mês, quando um homem entrou em uma escola particular e matou quatro crianças. O caso ocorreu nove dias após o ataque à escola estadual Thomazia Montoro, em São Paulo, quando um aluno de 13 anos matou uma professora a facadas e feriu outras cinco pessoas, entre elas três docentes.
“Sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se você pegar 15% disso significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça”, disse Lula, incluindo o homem que fez o ataque em Santa Catarina nessa categoria.
Entidades e associações ligadas à causa da proteção das pessoas com deficiência criticaram a posição do petista, entendida como capacitista.
A deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP), presidente da comissão de defesa dos direitos da pessoa com deficiência da Assembleia Legislativa de São Paulo, disse na ocasião que a fala de Lula foi “profundamente infeliz ao associar casos de violência a pessoas com deficiência e transtornos psiquiátricos.”
“Temos dados que mostram que essas pessoas são, via de regra, vítimas de violência. Os termos usados, que muitas vezes a gente entende como do cotidiano, de uma conversa com amigos, ou que em espaços informais ainda passam como inofensivos, são ferramentas de desumanização e estigmatização contra quem é vítima de violência”, afirmou.