Mancha vermelha na água do Ribeirão da Estiva mostra concentração de matéria orgânica
Ribeirão da Estiva, um dos rios próximos a Represa Billings, preocupa pelo fato de demonstrar possuir matéria orgânica na água.
RIO GRANDE DA SERRA – Na quarta-feira (25/09), José Soares da Silva, presidente do MDV (Movimento em Defesa da Vida do ABC), detectou uma mancha vermelha na água do Ribeirão da Estiva, onde ele deságua no Rio Grande. De fato, um dos principais afluentes da Represa Billings, responsável pelo abastecimento de 1,4 milhão de pessoas na região.
A bióloga e coordenadora do IPH-USCS (Índice de Poluentes Hídricos da Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Marta Marcondes, observa que a mancha indica alta concentração de algas, que se proliferam em águas ricas em matéria orgânica proveniente de esgoto.
NA VISÃO DOS ESPECIALISTAS
Para uma análise mais precisa, a pesquisadora visitará o local nesta sexta-feira (27/09) para coletar amostras e investigar a presença de outros poluentes. A imagem registrada por Silva mostra a água avermelhada se misturando com a água mais escura do Rio Grande. Apesar disso, ele expressa preocupação com a qualidade da água e critica a falta de atenção da Sabesp em relação aos mananciais.
Além de afetar o Braço do Rio Grande em São Bernardo, o Ribeirão da Estiva, que originou a água avermelhada, também possui um ponto de captação que abastece Rio Grande da Serra. Silva ressalta que os municípios ao redor dos rios e da represa devem se preocupar com o lançamento clandestino de esgoto nos mananciais.
“É crucial que a cidade esteja atenta ao rio. Os órgãos públicos precisam investigar as empresas nas proximidades e suas atividades. Já ocorreram mortes de peixes e não há laudos sobre isso. A tubulação incendiada permanece no rio, e agora temos um possível despejo de produtos químicos no Ribeirão da Estiva, resultando em mais um dano ambiental. Os animais continuam morrendo na tubulação, evidenciando o descaso com as águas da bacia do Rio Grande”, desabafa Silva.
Marta Marcondes explica que a estiagem fez com que o nível dos rios diminuísse, concentrando a poluição e favorecendo a proliferação de algas. “Há muita matéria orgânica, e as algas aparecem para decompor esse material, provocando cor e mau cheiro. Precisamos saber que tipo de bactérias estão nessa água, pois algumas são inertes e outras produzem toxinas. Para resolver a situação, precisamos de mais fiscalização sobre os esgotos lançados na represa e nos rios que a alimentam, além de chuvas que aumentem o nível da represa”, afirma a pesquisadora.
O QUE DIZ A SABESP?
Em resposta, a Sabesp afirma que não há problemas na captação de água no Ribeirão da Estiva. “A Sabesp esclarece que o local da gravação está distante da captação de água para tratamento, que segue normalmente. A Companhia monitora constantemente a qualidade da água e todas as etapas de tratamento, conforme os parâmetros do Ministério da Saúde, além de realizar monitoramento sistemático nos pontos de qualidade do reservatório”, diz o comunicado.
Contudo, Marta Marcondes critica a falta de preocupação da companhia com o manancial como um todo. “É necessário entender que o problema não se limita a essa área; essa água seguirá pelo Rio Grande até o braço da Billings, onde é captada, e também pode assorear e reduzir a capacidade de armazenamento”, ressalta.