Marisa fecha quatro lojas no ABC e não revela quantos foram demitidos
Para Gouveia o futuro destas redes será o de lojas mais enxutas em estrutura física, de pessoal e estoques.
GRANDE ABC – A rede Lojas Marisa, que desde março está em um processo de reestruturação de suas unidades físicas, com plano de fechar 91 pontos comerciais ao todo, informou que só no ABC esse plano envolve o fechamento de quatro lojas, todas em shopping centers da região. A rede não informou quantas pessoas serão demitidas por conta do fechamento destas unidades.
Em nota, a Marisa relata como é o seu plano de recuperação. “A Marisa confirma que em seu Programa de Eficiência Operacional há a previsão de fechamento de 91 lojas que apresentam geração sistemática de caixa negativo. Com este ajuste, a companhia estima aumento de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) de R$ 62 milhões em base anual recorrente. Deste total, 51 unidades já tiveram suas operações encerradas até a presente data”.
Já fecharam até o dia 15 deste mês as lojas dos shoppings São Bernardo Plaza, Atrium e Shopping ABC. A loja do Shopping Praça da Moça, em Diadema, vai fechar até o fim do mês. A rede tem ainda outras nove lojas na região, sendo quatro em São Bernardo, duas em Santo André, uma em Mauá, uma em São Caetano e outra em Diadema. A rede tem cerca de R$ 600 milhões em dívidas já negociadas com bancos e teve dois pedidos de falência feitos à justiça por credores.
“Essa crise na Marisa tem a ver com um reposicionamento no mercado que é causado pela explosão do e-commerce e isso tem acontecido com várias redes grandes. Tudo tem a ver com a concorrência internacional de empresas como a Alibabá, Shein e Amazon. As redes de lojas físicas de vestuário estão sentindo mais esse efeito de transformação digital das vendas e associado ao baixo crescimento econômico do país e aos juros altos está levando ao fechamento de lojas. Não tenho os números do balanço da Marisa, mas porque 14 mil fornecedores estão cobrando dívidas? É um descompasso de caixa e um cenário ideal para uma tempestade financeira perfeita”, analisa o professor da USCS.
Para Gouveia o futuro destas redes será o de lojas mais enxutas em estrutura física, de pessoal e estoques. Essas lojas vão servir mais para o consumidor que deseja ter uma experiência, para uma degustação do produto, pois as vendas, ou o grosso delas, serão feitas em sua maioria de forma online. “O e-commerce movimenta US$ 222 bilhões por ano e deve chegar a US$ 450 em 2026, por isso as lojas devem se reinventar, incorporar novas tecnologias em seus sites.
A Magalu é um exemplo disso, transformou seu site em um marketplace, como outras empresas estão fazendo também, vendendo os seus produtos e também os de lojas parceiras. As lojas vão funcionar, num futuro muito próximo, como showroons, serão mais limpas em termos de quantidade de mercadorias e estoques o que também vai reduzir custos. Logo mecanismos de reconhecimento por imagem vão mostrar com mais exatidão qual o tamanho de roupa cairia melhor em cada tipo de corpo, isso vai revolucionar esse setor e impulsionar ainda mais as vendas pela internet”, completa o professor.