Mulher trans faz apelo para conseguir cirurgia de mudança de sexo pelo convênio em Santo André
A mulher teve na justiça uma decisão judicial que garantia à realização do procedimento pelo convênio, no entanto, tem recebido negativas constante.
SANTO ANDRÉ – A professora Hainra Asabi Alves Costa, 41 anos, usou as redes sociais para pedir apelo popular para a realização de um sonho. Hainra é uma mulher trans que há anos busca a redesignação sexual, popularmente conhecida pela cirurgia de mudança do sexo.
Em 2022 teve na justiça uma decisão judicial que garantia à realização do procedimento pelo convênio do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (IAMSPE). No entanto, relata que tem recebido negativas constante. “Venho suplicar a ajuda de vocês. Estou buscando forma de realizar a minha redesignação sexual. Após inúmeras tentativas”, iniciou a mulher.
De acordo com documentos obtidos pela reportagem, o convênio alega que a cliente não está pronta para o procedimento, no entanto, não detalha o que falta. Hainra mostra que tem todos os laudos necessários e afirma que se sente desrespeitada. “A resposta é um desrespeito a minha pessoa, por desconsiderar todo meu processo e busca por tratamento e a todos os profissionais que apresenta devidamente seus pareceres técnicos”, finalizou.
Antes de recorrer a justiça, Hainra buscou acesso o ambulatório de pessoas trans e travestis de São Paulo, no entanto, também não teve sucesso. “Alegaram que não há mais vagas nem para os primeiros atendimentos”, relatou.
Ela contou ainda que começou a juntar dinheiro e meios para realizar a cirurgia na Tailândia. “Fiz vaquinha muita gente ajudou e vendi bens que tinha. Mas a pandemia e como os fechamentos dos aeroportos ficou inviável”, disse ela. Explicou ainda que sem a possibilidade de ir para outro país, recorreu ao convênio e à justiça.
A notícia de realizar o procedimento pelo convênio vem após relatos de colegas. ” Várias meninas fizeram suas cirurgias pelo convênio. Juntei tudo que tinha e fui tentar realizar a cirurgia pelo meu convênio. Após a negativa do convênio, entrei com ação na justiça, onde tivemos êxito”. Afirmou a trans. Disse ainda que outra opção é o Sistema Único de Saúde (Sus), mas o procedimento é muito demorado.
A paciente afirma que vai apresentar esta semana uma nossa posição ao magistrado da 2º Vara da Fazenda Pública do município de Santo André, pedindo, mais uma vez, que o Iamspe seja obrigado a cumprir a determinação judicial que completou um ano.
Enquanto a decisão e o procedimento não chega, ela sofre por crises constante de ansiedade e uso de medicamentos constante. “Não consigo mais encontrar palavras que sejam capazes de expressar o que estou sentindo, uma mescla de dor, raiva, sentimento de injustiça, impotência sobre minha própria vida e existência, mas um sentimento de busca por justiça gigante”, finalizou.