Oito pessoas são presas desviando leite de programa social em Santo André
O grupo foi indiciado em flagrante por peculato, desvio e associação criminosa.
SANTO ANDRÉ – A Polícia Civil prendeu oito pessoas que desviavam leites distribuídos gratuitamente a idosos e crianças pelo programa Viva Leite da Secretaria de Desenvolvimento Social do Estado, em Santo André. O grupo desviava 450 litros de leite, há um ano, todas as sextas-feiras.
Há duas semanas, a secretaria recebeu denúncia de um cidadão que passava na região e viu uma movimentação estranha na ONG. Com isso, a secretaria acionou a equipe de monitoramento e solicitou que a entrega fosse acompanhada, na manhã desta sexta-feira (17). No mesmo dia, no período da tarde, foi possível flagrar o desvio do leite e fazer imagens do crime.
Com a prova do desvio, na terça-feira passada, o secretário Gilberto Nascimento Junior entrou em contato com o secretário da Segurança, Guilherme Derrite e um boletim de ocorrência foi registrado. “Nós iniciamos, já na semana passada, o trabalho de deflagração de procedimento de polícia judiciária, de instauração de inquérito policial e requisição de representações por medidas cautelares”, ressaltou Antônio Carlos Munuera Silveira, delegado titular da 2ª Delegacia de Polícia da Divisão de Investigações sobre Crimes contra a Administração, Combate à Corrupção e Lavagem ou Ocultação de Bens, Direitos e Valores.
Nesta sexta-feira (17), investigadores da unidade policial foram até o endereço da ONG e fizeram um trabalho de observação e acompanhamento da entrega semanal de leite. Cerca de 20 litros do alimento foram colocados no carro usado pela presidente da entidade e 430 foram transportados no interior da caçamba de uma Fiat Strada. “O que chamou a atenção é a completa ausência de condições de salubridade e higiene, o leite estava exposto ao sol, ainda que cobertos por uma lona ou dentro de caixas de isopor”, afirma o delegado ao descrever as condições que o leite era carregado na caçamba do utilitário.
A presidente da instituição, três funcionários voluntários da ONG, dentre eles o marido da presidente; dois funcionários da transportadora contratada para transportar a carga de laticínio, o proprietário do Fiat Strada e uma pessoa que recebia o produto em Santo André.
Ao ser detida, a pessoa que recebia o produto afirmou que o leite seria entregue para pessoas em vulnerabilidade social beneficiadas por outra instituição de caridade. “Há um documento em posse dela, que ela registra uma associação beneficente. Porém, a instituição não tem registro na Jucesp, não tem CNPJ e não tem convênio com o Estado de São Paulo”, ressalta Munuera.
O grupo foi indiciado em flagrante por peculato, desvio e associação criminosa. Todos os celulares foram apreendidos para passar por perícia. A Polícia Civil segue com investigação do caso para identificar e prender outros coautores do crime.