Padres cobram provas de Watanabe após declaração polêmica sobre pedofilia
Os padres encerraram sua participação com uma foto oficial ao lado dos vereadores.

SÃO BERNARDO DO CAMPO — Em nova repercussão da fala do vereador Luiz Henrique Watanabe (PRTB), que associou a Igreja Católica dos Estados Unidos à escolha de pedófilos para o sacerdócio, um grupo de 16 padres da região do ABC compareceu à Câmara Municipal de São Bernardo do Campo nesta quarta-feira (9) para cobrar provas da acusação. A declaração foi feita pelo parlamentar há cerca de três semanas, durante o uso da tribuna.
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O padre Jean Rafael Eugênio Barros, presidente e vigário judicial do Tribunal Eclesiástico Diocesano de Santo André, foi o primeiro a se manifestar e destacou que a Diocese conta com uma comissão voltada à proteção de menores e pessoas em situação de vulnerabilidade. Durante sua fala, pediu que o vereador apresentasse os nomes de religiosos supostamente envolvidos com pedofilia.
Barros afirmou que a presença dos sacerdotes no Legislativo não era uma forma de autodefesa, mas sim um ato profético, com o objetivo de demonstrar compromisso com uma Igreja séria e transparente. “Se há do conhecimento do senhor vereador Watanabe tal situação como esta, prove-nos para podermos agir”, declarou o clérigo.
Em resposta, Watanabe alegou que se baseou em um estudo relacionado aos Estados Unidos, não ao Brasil, e reconheceu que sua fala foi infeliz. Ele negou ter generalizado a acusação e afirmou que buscou esclarecimentos, inclusive por meio do direito canônico. O relatório citado seria o John Jay, publicado em 2004, que investigou crimes sexuais praticados por religiosos nos EUA.
A Diocese de Santo André e vereadores repudiaram a fala de Watanabe. O bispo dom Pedro Carlos Cipollini classificou o pronunciamento como “lamentável” e o Legislativo chegou a organizar um abaixo-assinado em repúdio. Após o ocorrido, o parlamentar pediu desculpas públicas.
Os padres encerraram sua participação com uma foto oficial ao lado dos vereadores. Ao final, o padre Jean reforçou que a Igreja não se isenta de investigar condutas inadequadas e que possui canais formais para denúncias. “Somos cidadãos, sujeitos às leis, com os mesmos direitos e deveres de qualquer brasileiro”, concluiu.