Pai que teve filho arremessado de ponte diz que ato foi ‘inadmissível’
De acordo com testemunhas, a polícia estava no local para dispersar um baile funk perto da divisa com Diadema, no bairro Cidade Ademar.
DIADEMA – O pai do homem arremessado de uma ponte por um policial militar do 24º BPM (Batalhão de Polícia Militar) de Diadema, na madrugada de segunda-feira (2), na Zona Sul de São Paulo, classificou a atitude do agente como “inadmissível” e “selvagem”, pedindo explicações. Em entrevista à TV Globo, Antônio Donizete do Amaral, mecânico e pai da vítima, revelou que o nome do filho é Marcelo, que tem 25 anos.
“Uma pessoa já dominada… Isso é selvagem. Tem que perguntar a esse policial se ele tem filhos ou netos. Não se trabalha dessa forma”, disse o mecânico, garantindo que o filho não corre mais risco de vida. “Ele está bem, mas não consegui falar com ele. Isso é inadmissível, não existe isso. A polícia deveria estar ali para proteger a população, não para fazer o que fizeram”, acrescentou.
Ainda assim segundo o pai, Marcelo é entregador, um trabalhador que sempre correu atrás do que é seu. “Ele não tem passagem, não tem envolvimento com nada. Quero uma explicação desse policial sobre o que o levou a fazer isso”, disse Antônio Donizete.
Além disso, a ponte de onde Marcelo foi arremessado fica sobre um córrego que corta a comunidade da Vila Clara, e tem cerca de três metros de altura. Testemunhas e a família afirmam que a vítima sofreu ferimentos na cabeça e no rosto após a queda, sendo resgatada por moradores de rua que estavam embaixo da ponte.
POLICIAIS AFASTADOS
Ademais, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou ontem que determinou o afastamento imediato de 13 policiais militares envolvidos no incidente. “A instituição repudia veementemente a conduta ilegal e instaurou um inquérito para apurar os fatos e responsabilizar todos os agentes. A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a legalidade e não tolera desvios de conduta”, diz o comunicado.
No entanto, entre os policiais afastados estão dois sargentos e 11 cabos e soldados do 24º BPM.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) classificou a atitude do policial flagrado como absurda. “A Polícia Militar de São Paulo preza pelo profissionalismo na proteção das pessoas. O policial está na rua para combater o crime e garantir a segurança. Quem age como esse policial, atirando pelas costas ou arremessando alguém de uma ponte, claramente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos”, afirmou o governador em uma publicação no X.
No Instagram, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, prometeu “severa punição” aos envolvidos, destacando que “anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém de uma ponte. Pelos bons policiais que não devem carregar o fardo da irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição”, escreveu. Essas manifestações ocorreram após o Ministério Público divulgar uma nota em que define o caso como “estarrecedor e inadmissível”.
VÍDEO
Na gravação, é possível observar três policiais militares em cima da ponte. Um deles levanta uma motocicleta do chão e a apoia na mureta. Outro policial surge segurando um homem de camiseta azul pelas costas.
O vídeo captura o instante em que o policial levanta o homem pelas pernas e o arremessa da ponte para um córrego abaixo.
PUNIÇÃO
O Procurador-Geral de Justiça do Estado, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, ordenou que o Gaesp (Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública) se associasse ao promotor responsável pelo caso, a fim de garantir que o Ministério Público de São Paulo faça todos os esforços para punir de forma exemplar, ao final da investigação penal, os responsáveis por uma ação policial que está bem distante de trazer tranquilidade à população.