Vereador assumidamente gay fala dos desafios na Câmara de São Bernardo

Ananias Andrade foi eleito no pleito de outubro de 2024, na 16º, posição com 4.078 votos, com a bandeira da comunidade LGBT.

Ananias Andrade. Foto: reprodução Diário d Grande ABC
Ananias Andrade. Foto: reprodução Diário do Grande ABC

SÃO BERNARDO DO CAMPO — Eleito no pleito de outubro de 2024, na 16º, posição com 4.078 votos, o petista Ananias Andrade, fala dos desafios e da responsabilidade de representar a comunidade LGBT, povos tradicionais de matriz africana, os jovens e o meio ambiente na Câmara de São Bernardo.

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Novato na vereança, mas não na política. Ananias já foi assessor no Legislativo e tem diversos desafios na Casa, dentre os quais trazer para o mandato a persona que criou em seus vídeos para as redes sociais durante a campanha. Ao Diário do Grande ABC, ele cita ser o primeiro homem gay da Câmara de São Bernardo e a única candidatura nova da esquerda na cidade eleita nos últimos oito anos.

“Pelo menos tive votos de coração, que expressam liberdade e consciência. Liberdade para as pessoas verem uma atuação política que seja feita com consciência de classe. Consciência dos problemas ambientais que a gente está vivendo”, disse.

Além de celebrar os votos que recebeu, ele festeja a democracia que a eleição representa. Ananias foi expulso por diversas vezes do Paço Municipal e da esplanada por utilizar esses espaços para cobrar da gestão Orlando Morando (sem partido) soluções para os problemas na Cultura, na Saúde, Mobilidade, dentre outros. 

“Fui retirado à força algumas vezes do Paço. Por isso, é muito importante a democracia, porque possibilitou que eu, que fui arrastado para fora, volte para lá como vereador, para representar as pessoas que se sentiram junto comigo arrastadas para fora nos diversos momentos em que a gente estava defendendo a democracia. Minha eleição também mostra o poder que tem o voto popular.”

Ananias afirmou que o prefeito Marcelo Lima (Podemos) dará o tom ao tipo de oposição que fará na Câmara. Ele destacou que a  vitória do podemista foi um fato extraordinário para a cidade. Ananias afirma que a cidade sai da conjuntura de um prefeito que foi acusado na ONU (Organização das Nações Unidas) por racismo institucional, para outra conjuntura em que o prefeito tem família formada por pessoas negras – as filhas, a esposa – e vindas da periferia da cidade.

” O jogo você só vai saber quando entrar em campo. Agora, o que o Marcelo tem é o benefício da dúvida. O prefeito é quem vai dizer o quanto terá ou não um opositor em mim”, frisou.

O petista afirmou que, nestes primeiros dias como vereador, está organizando seu gabinete e o Conselho de Mandato. Ananias faz parte do grupo Os Camisas 13, que vai atuar com ele na Câmara. “Estamos dialogando muito e buscando um desenho para a construção desse conselho. Fizemos compromissos de atuação de mandato, cadernos importantes na mobilidade urbana, saúde, cultura, juventude, povos tradicionais de matriz africana, movimento LGBT e meio ambiente. O que a gente precisa agora é colocar esses compromissos na linha do tempo”, pontuou. 

“Quero dizer, como único homem gay da Câmara de São Bernardo, que na última gestão (prefeito Orlando Morando – sem partido) faltaram muitas políticas públicas para a população LGBT. Não têm serviços ambulatoriais e de acolhimento claros que estimulem os jovens à prevenção”, pontuou. 

Segundo Ananias, a juventude da cidade não sabe o que são o PrEP (Profilaxia Pré-exposição ao HIV) e o PEP (Profilaxia Pós-Exposição), medicamentos utilizados na prevenção às ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).  O vereador afirmou ainda que tem compromissos com diversas comunidades que ajudaram a elegê-lo e que vai trabalhar para trazer respostas concretas às demandas da população.

“Vou atuar para que São Bernardo tenha, ao menos, os mesmos serviços que já estão disponíveis em Santo André, Diadema e São Caetano. A cidade já tem a melhor infraestrutura de saúde do Grande ABC e precisa contar também com referenciamento para a população LGBT, em especial à comunidade trans. Acho que é uma questão de avanço civilizatório e de justiça”, destacou. 

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