Vice-presidente da Casas Bahia renuncia em meio à crise da empresa

Renato Franklin, disse que vai acumular as funções por pelo menos um ano

O pedido de demissão acontece em meio à tentativa da Casas Bahia de se restabelecer no mercado. (Foto | Reprodução)

ECONOMIA – Em meio à crise e à reestruturação, a Casas Bahia viu seu vice-presidente comercial e de operações, Abel Ornelas Vieira, renunciar ao cargo. A saída foi externada nesta quarta-feira, em comunicado da empresa ao mercado.

Ornelas Vieira assumiu as funções em maio deste ano – portanto, ficou menos de quatro meses no cargo. Ele estava havia quatro anos na empresa, em outros departamentos.

“Nos termos do artigo 22, §2º, do estatuto social da companhia, o diretor presidente da companhia indicará outro diretor para assumir interinamente o cargo de vice-presidente comercial e de operações da companhia até que o conselho de administração da companhia eleja um novo diretor para preencher o cargo. Abel Ornelas Vieira encerrará o seu ciclo como diretor na companhia após quatro anos de inestimável trabalho, dedicação e contribuição ao Grupo Casas Bahia, pelos quais a companhia declara sua mais profunda admiração e gratidão”, diz a nota, assinada por Sérgio Augusto França Leme, vice-presidente administrativo e diretor de relações com investidores.

O pedido de demissão acontece em meio à tentativa da Casas Bahia de se restabelecer no mercado – tanto na questão econômica quanto na questão moral. A empresa, antiga Via, retomou o nome que a consagrou como grande varejista do País e agora foca na venda de produtos de utilidades, como eletrodomésticos, para superar a crise financeira e de imagem.

Vieira tem longa trajetória em grandes empresas do Brasil, como Grupo Pão de Açúcar, Pernambucanas e Magazine Luiza. Ele foi contratado pela Casas Bahia havia quatro anos justamente para reestruturar o departamento de vendas e alavancar as negociações do e-commerce da companhia, considerado um calcanhar de Aquiles das operações.

Ao site Brazil Journal, o CEO do Grupo Casas Bahia, Renato Franklin, disse que vai acumular as funções por pelo menos um ano. Na entrevista ao portal, ele minimizou a saída de Vieira dizendo que, agora, é possível ganhar agilidade removendo camadas de hierarquia.

CENÁRIO TURBULENTO

A Casas Bahia, que tem 71 anos de atuação no varejo, acumula dívidas de R$ 3,7 bilhões. A empresa já avisou que vai fechar 100 lojas e cortar 6.000 funcionários – no segundo trimestre deste ano, o grupo apresentou prejuízo de R$ 492 milhões. Resultado bem diferente do que foi obtido no mesmo período do ano passado, quando teve lucro de R$ 6 milhões. 

Outra crise que envolve a Casas Bahia são as denúncias de assédio sexual envolvendo o fundador, Samuel Klein (morto em 2014), e um de seus filhos, Saul Klein.

Em 2021, a Agência Pública denunciou que o patriarca usava seu poder para aliciar crianças e adolescentes. Crimes ocorriam dentro da sede da empresa, em São Caetano, e em cidades como Angra dos Reis, Santos e Guarujá. Saul foi condenado em junho deste ano a pagar R$ 30 milhões por aliciamento e exploração sexual, com as vítimas submetidas a condição análoga à escravidão, Crimes ocorreram em em Barueri.

Leia mais:
Deixe seu comentário