Conselho teme que obra cause danos a monumento religioso em Diadema

A estatua quando foi erguida, não havia trânsito de veículos pelo local e a estrutura não foi pensada para suportar a vibração.

A prefeitura de Diadema nega que a obra traga danos à Santa. (Foto| Reprodução)

DIADEMA – Prestes a completar 74 anos, a imagem de Nossa Senhora das Graças, uma estátua de nove metros de altura e está instalada no alto de uma capela no bairro Serraria, em Diadema, pode ser danificada em obras, segundo denuncia de moradores. O Conselho Municipal do Patrimônio Histórico disse que não foi consultado sobre a obra tão próxima da imagem.

A prefeitura de Diadema nega que a obra traga danos à Santa, mas não explicou porque o conselho não foi ouvido quanto aos impactos de vizinhança do empreendimento, que vai receber uma rede de atacarejo.

A imagem, além de ícone para os católicos, também faz parte do inventário de bens culturais de Diadema. De acordo com Loli Gagliardi, do conselho do patrimônio, é de conhecimento que foi aprovada a lei do Projeto e Área de Intervenção Urbana (PIU) do bairro Serraria, que trata de compensações ambientais para as árvores que foram cortadas, porém o projeto não foi analisado pelo conselho apesar do monumento religioso estar ao lado da obra.

A única coisa que separa a imagem da obra é a avenida Nossa Senhora das Graças que tem mão dupla e apenas uma faixa de rolamento em cada sentido. “Essa lei do PIU não passou pelo conselho do patrimônio, sabemos que há compensação ambiental, que terão que plantar árvores e outras ações para compensar o que foi derrubado. Derrubaram a casa que pertenceu ao jurista Miguel Reale, mas deixaram a casa do caseiro. Agora queremos uma reunião com o Atacadão para dizer como queremos que essa casa seja restaurada. Em resumo não passaram pelo conselho nem a lei nem o projeto. Uma obra tão perto da santa e não foi analisada pelo conselho. Foi feito um monte de coisa e não se pensou nem direito na casa do caseiro e muito menos na pobre da Santa”, diz a conselheira.

Loli também lembrou que além do impacto da construção de grande porte, um supermercado do tamanho do que está sendo construído traz outros impactos que deveriam ser analisados pelos conselheiros do patrimônio antes da aprovação. “É um empreendimento gerador de tráfego e não sei porque não mandaram para o conselho”, lamenta.

Nas gestões entre os anos de 2013 e 2020, quando o prefeito era Lauro Michels (PV) tentaram-se  duas intervenções que afetariam a Santa. A primeira intervenção no terreno que era repleto de árvores foi o desmatamento. Um empreendimento residencial com diversos blocos de apartamentos seria construído no local. Dezenas de árvores foram derrubadas, mas os empreendedores não avançaram com o projeto. Até que a rede Atacadão se interessou pelo terreno. As obras tiveram início esse ano.

Viaduto

Em 2019, outro projeto que afetaria a imagem de Nossa Senhora das Graças, a construção de um viaduto sobre a rodovia dos Imigrantes, chamou a atenção do conselho e do então pároco da paróquia, Osvy Guilarte. Em entrevista ao, na época, o religioso falou da técnica construtiva da imagem, que foi inaugurada em 12 de junho de 1949. Segundo ele, quando foi erguida, não havia trânsito de veículos pelo local e a estrutura da estátua não foi pensada para suportar a vibração. Com a construção do viaduto a imagem ficaria no meio de duas pistas de maior movimento ainda. O projeto do viaduto não foi adiante.

Prefeitura

A prefeitura disse que o PIU Serraria foi assinado no final do ano passado. “Ficou acertada a construção de uma unidade do Atacadão, gerando cerca de 400 empregos diretos e indiretos, e preservando mais da metade do espaço para um parque de caráter educativo. No parque, será preservada a casa de Miguel Reale, patrimônio tombado de Diadema”, diz a prefeitura, em nota. A casa que será preservada, não é exatamente a casa principal da propriedade e sim a casa do caseiro da antiga chácara.

Ainda de acordo com a administração projeto para o terreno considerou o impacto de vizinhança. “O projeto contemplou rigorosa avaliação de impacto de vizinhança e uma mudança completa de conceito que a antiga gestão tentou dar andamento, que era a construção de empreendimentos imobiliários privados, o que poderia resultar na saturação de um dos bairros mais adensados de Diadema. Na mesma área está a imagem da Santa, outro patrimônio tombado da cidade. A construção do supermercado foi balizada em estudos também visando a preservação da Santa e com metodologia de engenharia de baixo impacto. Na última semana, o escritório de arquitetura contratado para construção do parque educativo fez a primeira avaliação técnica do espaço e os responsáveis iniciaram discussões sobre a possibilidade de conectar todo o conceito educativo/ambiental do parque à imagem da Santa. Esse estudo está em construção”, diz a prefeitura.

A administração disse ainda que o PIU Serraria estipulou regras rígidas de compensação ambiental para a construção da unidade atacarejista. “Pelo projeto, o Atacadão ficará responsável por fortalecer a rede de Ecopontos na cidade (com abertura de novas unidades) e plantio de 2.500 mudas, além de suporte aos Pet Parks, áreas voltadas aos pets nos principais parques e praças do município”, conclui o paço diademense.

*Com informações do site RD

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