Mesmo por determinação, delegacia da Mulher não funciona por 24h na Região

As DDMs são direcionadas para vítimas de violência doméstica ou sexual, sejam mulheres, crianças ou adolescentes.

Das cinco localizadas na região, quatro confirmaram que seguem abertas de segunda a sexta-feira. ( Foto | Reprodução)

GRANDE ABC – Sem efetivo, as Delegacias de Defesa da Mulher ( DDMs) do Grande ABC ainda não têm previsão para início do atendimento 24 horas. O serviço ininterrupto das Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher agora é obrigatório depois de a Lei 14.541 r sancionada pelo presidente da República, Luíz Inácio Lula da Silva, na última terça-feira (4).

Mesmo assim, o processo para adequação à medida é demorado e as DDMs regionais alegam ser necessário remanejar equipes. Das cinco localizadas na região, quatro confirmaram que seguem abertas de segunda a sexta-feira. A unidade de São Caetano não atendeu a ligação.

Contactadas pelo Diário, a DDM de São Bernardo alega que o processo é demorado “até arrumar pessoal efetivo”, enquanto a de Mauá pontua que espera “remanejamento” da equipe. Declaram ainda que a falta de policiais atrapalha a efetivação da medida na região e destacam a importância de novos concursos públicos para melhorar o atendimento. 

No Estado, só 11 das 140 DDMs funcionam 24 horas. “Não é porque uma lei entra em vigor que o Estado vai conseguir fazer uma contratação de servidores para preencher esse quadro, que já está deficitário. É necessário oferecer recursos e investimentos”, analisa a delegada Jacqueline Valadares, presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo).

“Para que todas as DDMs funcionem 24 horas, precisamos deslocar profissionais das unidades onde eles já estão para efetivar o processo. É uma política que precisa ser estudada pela administração. Não dá para fazer imediatamente.” De acordo com ela, mesmo que a União destine um fundo para conclusão da medida, há um período para que a verba chegue ao Estado e seja convertida em investimento.

Jacqueline também comenta que o serviço 24 horas existe de forma on-line. Caso a mulher vá a um distrito policial, ela pode solicitar o atendimento com uma delegada da Delegacia Eletrônica da Mulher em tempo real de maneira virtual. 

Renata Cruppi, delegada da DDM de Diadema, ressalta que a atuação 24 horas é uma forma de encorajar as denúncias e atender demandas que ocorrem à noite e nos fins de semana. “Sem um espaço acolhedor, direcionado a esse público mais vulnerável, elas podem se sentir desconfortáveis a fazer o B.O. (Boletim de Ocorrência). Um local adequado pode ajudar a vítima a romper o ciclo da violência”, pontua.

As DDMs são direcionadas para vítimas de violência doméstica ou sexual, sejam mulheres, crianças ou adolescentes. “Se o atendimento demorar muito, é necessário oferecer um acolhimento porque, muitas vezes, a raiva diminui ou a vítima começa a questionar se a demanda dela é importante, o que pode desmotivá-la a seguir com o B.O. Por isso, o nosso trabalho é diferente em comparação às outras delegacias”, detalha.

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