Morte na van: sem laudos, MP quer novas diligências sobre caso João Alisson

Criança de 3 anos foi deixada na van no início da manhã e encontrada sem vida no final da tarde de 18 de dezembro

Fachada do Ministério Público do Estado de São Paulo – Sérgio Brisola

SÃO PAULO – O Ministério Público de São Paulo determinou que a Polícia Civil faça novas diligências para a investigação do homicídio de João Alisson, de 3 anos, morto após ser deixado em uma van do transporte escolar no dia 18 de dezembro, na Capital. O promotor Alexandre Sprangin afirma que há necessidade de diligências complementares, solicita os laudos necroscópico e pericial, realizado no local dos fatos, e pede que os pais da criança sejam ouvidos em depoimento.

A manifestação do MP vem ao encontro do anseio dos pais de João. De acordo com a criminalista Jacqueline Valles, que representa a família para acompanhar o caso, a 8ª Delegacia de Polícia relatou o caso ao Ministério Público sem ouvir testemunhas que estavam na van, sem ouvir os pais, sem aguardar a liberação do laudo necroscópico que atesta causa da morte e sem análise das imagens de segurança dos arredores do local onde o veículo ficou estacionado.

Os pais de João querem entender o que aconteceu entre a manhã e a tarde do dia 18.“No depoimento a motorista disse que o João se recusou a descer, mas o que aconteceu depois disso não está claro. O depoimento dela é muito vago, não dá para entender realmente o que ocorreu. Tem que ter uma investigação para saber o que houve, tem que averiguar as câmeras e ouvir o depoimento de mais pessoas. Nós precisamos de uma resposta”, comenta o motorista Alan Plácido Coimbra Pereira, pai de João.

Sem inquérito e sem laudo
Jacqueline explica que o crime foi relatado sem a instauração de um inquérito policial e se baseou exclusivamente no depoimento da motorista, de duas funcionárias da creche e dos policiais que atenderam a ocorrência. “Não sabemos a causa da morte do João porque o laudo necroscópico ainda não ficou pronto; nenhuma pessoa que fica nas imediações onde a van foi estacionada foi ouvida para relatar o que viu e as imagens do circuito de câmeras da rua onde a motorista parou o carro também não foram solicitadas pela polícia”, enumera.

A advogada foi até a rua onde a van ficou estacionada e pediu as imagens das câmeras de um prédio. Ela acredita que essas gravações, que não foram solicitadas pela Polícia Civil, possam dar mais informações sobre o que aconteceu no dia 18 que levou à morte de João. “Um mês antes desse caso, tivemos outra morte em São Paulo. Neste caso, a delegacia responsável está fazendo o seu trabalho de investigação e até hoje o inquérito está em andamento. Não é aceitável que a morte de uma criança nessas circunstâncias não seja investigada com o cuidado que merece”, afirma Jacqueline.

Testemunhas
Tanto os pais quanto a advogada salientam que é importante ouvir as crianças que estavam na van para entender o que, de fato, aconteceu. No depoimento prestado, a motorista diz que João, que completaria 4 anos neste dia 12, não queria sair da van. Ela então desembarcou as outras crianças e foi atender uma amiga, deixando João no veículo. “Até o momento, eu só tenho dúvidas. A única certeza que eu tenho é que eu perdi meu filho e que eu não vou conseguir mais recuperar ele”, lamenta Alan.

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