Simone Tebet vira problema para Lula

A sigla de Lula não quer Tebet na pasta que abriga o Bolsa Família, vitrine para potenciais candidatos à presidência em 2026.

BRASÍLIA – A ausência da ex-presidenciável e senadora Simone Tebet (MDB) na diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na  última segunda-feira (12), é uma contrariada com a resistência do PT ao seu desejo de ocupar o Ministério do Desenvolvimento Social.

O presidente eleito iniciou o discurso agradecendo Tebet, fundamental para eleger Lula no segundo turno. “Quero agradecer a nossa companheira Simone Tebet, que teve papel importante na minha campanha”, disse o petista.

De acordo com emdebistas, a sigla de Lula não quer Tebet na pasta que abriga o Bolsa Família, vitrine para potenciais candidatos à presidência em 2026.

A senadora, assim que se viu fora do segundo turno, manifestou por decisão própria seu apoio ao ex-adversário — subiu no palanque petista e emprestou à campanha a roupa branca e o perfume da terceira via.

 Agora, Tebet quer como retribuição um ministério na área social, e o seu partido, o MDB, diz não ter nada a ver com isso. A senadora ajudou o petista a eleger-se. Já a sigla pretende ajudá-lo a governar, e para isso — com ou sem Tebet nomeada— quer dois ministérios, um para cada Casa do Congresso.

A colunista Thaís Oyama disse em sua coluna  que a nomeação de ministros tem como métrica o número de votos que eles trarão para o novo governo. Dado que Tebet não arrasta nenhum voto para Lula que não o seu próprio, atender o desejo da senadora mais os pedidos da sua sigla significará inflar a já gorda lista de ministérios, que a essa altura já somam perto de 30, e vêm sendo disputados por caciques e seus indicados como Davi Alcolumbre, Antonio Rueda e Elmar Nascimento (União Brasil), além de Renan Calheiros (MDB) e Gilberto Kassab (PSD).

 Lula pode resolver a questão oferecendo à senadora um prêmio de consolação que, sabe, ela não aceitará. Dessa forma, Tebet estaria fora do governo, o PT ficaria satisfeito e o MDB teria o caminho livre para escolher seus dois ministérios. Mas uma eventual decisão de Lula de escantear a “senadora da terceira via” terá um preço, e ele será de imagem. Implicará a ideia de que o discurso de construção de um governo de frente ampla não passa de fachada retórica para manter o modelo de sempre — o PT com os melhores nacos, alimentando em troca de votos raposas vorazes, do mesmo gênero e da velha estirpe.






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